quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DISCURSO DO DIA 10/11 SOBRE AS ELEIÇÕES DA MESA DIRETORA DA CÂMARA MUNICIPAL E A QUESTÃO ÉTICA NA POLÍTICA



É sabido que a imprensa não tem divulgado de forma positiva a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal afirmando que projetos de leis importantes estão sendo preteridos de discussão em detrimento da eleição que ocorrerá em 17/12. Esclareço à população que a eleição da Mesa é tão importante quanto a discussão e votação de qualquer projeto em tramitação na Casa.
Considero que não há prejuízos aos projetos e que todos vereadores afiançarão suas palavras e estes serão votados em tempo hábil. A existência de dois grupos disputando a Mesa indica que a democracia na Câmara Municipal é madura e não há uma divisão ou racha como estão tentando colocar para a população o que pode trazer confusão para a sociedade.
Diante disto gostaria de pautar a minha fala. Se olharmos atentamente o cenário político brasileiro perceberemos que estamos vivenciando uma grande crise política. Atualmente, as palavras mais ouvidas e lidas na imprensa são corrupção, desonestidade, compra de votos, abuso de poder, tráfico de influência, desvio de dinheiro público, atos secretos, utilização indevida de verba indenizatória e tantas outras que desqualificam a atividade política. Este cenário nos remete a reflexões sobre a inexistência de uma aliança entre a ética e a política.
De acordo com o autor Adolfo Vazquez, a ética pode ser entendida como a ciência que estuda as relações morais dos homens entre si, ou seja, a ética investiga os princípios, as práticas morais e tradicionais consideradas valores que regem as condutas humanas de determinada sociedade. Resumindo, a ética trata do caráter do indivíduo.
Para o professor Dalmo Dallari a política é a conjugação das ações de indivíduos e grupos humanos, dirigindo-se a um fim comum. E este fim comum deve ter como ideal o bem-estar, a igualdade entre os componentes da sociedade e a paz social. Abreviando, a política preocupa-se com a coletividade.
Entretanto, a ética da política é diferente da ética da vida pessoal. Enquanto na vida pessoal o indivíduo deve agir de acordo com os princípios morais aceitos em cada sociedade, na vida política o indivíduo deve agir dentro da ética da responsabilidade, ou seja, deve levar em consideração as consequências das decisões tomadas por ele.
A política, em um regime democrático, exige alianças, acordos, trocas de favores e benefícios. Esta exigência cobra um preço muito alto. Talvez seja por isso que na política a ética parece não ter importância. A impressão deixada é aquela que a política não passa de uma disputa entre grupos poderosos, que influenciam a opinião pública de acordo com seus interesses. Ressalte-se que são interesses de setores da sociedade inacessíveis para a grande maioria da população.
E a aliança entre a ética e a política é possível?
Eu, particularmente, acredito que essa aliança é possível e acima de tudo necessária. Para isso é indispensável que os políticos e governantes consigam conciliar valores pessoais com gestão pública. Também é imperativa a participação da sociedade e das instituições competentes na fiscalização do trato com a coisa pública. Portanto, essas atitudes são caminhos de superação dos problemas na relação entre ética e política.
Enfim, a realidade atual deve ser repensada. Aliar ética e política é vital para o desenvolvimento do país e do município. Sem essa aliança, não poderemos viver em um país solidário e humano que lute pela igualdade entre as inúmeras camadas sociais hoje existentes no Brasil.
Diante disto, e cumprindo os preceitos da tripartição de poderes é condição sine qua non que defendo uma Câmara autônoma/independente, mas parceira do Executivo Municipal e que estabeleça um novo modelo de discussão política.
O que importa é que a Câmara seja dirigida por pessoas competentes que levem a sério os anseios da comunidade e que cumpram seus papéis de fiscalizadores.
É hora de repensarmos as práticas políticas que têm norteado a Câmara Municipal de Uberlândia, há que dar espaço para o nascimento de novas lideranças pois entendo que a liderança é uma poderosa combinação de estratégia e caráter.
Para terminar cito uma frase do treinador da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho: “Nunca esqueça que a vaidade é inimiga do espírito de equipe."
Na atividade político-partidária o discurso deve corresponder à práxis (atividade prática), visando modificar e transformar a sociedade, as relações políticas, e de poder, e isto somente será conseguido através de ações éticas.

Meu muito obrigado.

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