sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DISCURSO SOBRE O DIA DO PROFESSOR

Origem da data

No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila), Pedro I, Imperador do Brasil baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no país. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras". Esse decreto continha: a descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida “in totum”.
Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor.
O professor Salomão Becker sugeriu que um encontro anual de professores para onfraternização se desse no dia 15 de outubro numa alusão ao Decreto de D. Pedro I. A sugestão foi aceita e em um discurso do professor Becker, além de ratificar a idéia de se manter na data um encontro anual, ficou famoso pela frase: " Professor é profissão. Educador é missão".
A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".

Dia do Professor em outros países:

Albânia – 07 de março

Argentina - 11 de setembro

Chile - 16 de outubro

China – 10 de setembro

Cingapura – 1º. de setembro

Coréia do Sul – 15 de maio

Estados Unidos: na terça-feira da primeira semana de maio

Índia - 5 de setembro

Irã – 02 de maio

Malásia- 16 de maio

México - 15 de maio

Paraguai - 30 de abril

Peru – 6 de julho

Polônia – 14 de outubro

Rússia – 05 de outubro

Tailândia - 16 de janeiro

Taiwan - 28 de setembro

Turquia – 24 de novembro

Uruguai - 22 de setembro

Vietnã – 20 de setembro

Portanto, meus prezados e minhas prezadas, esta data devido a sua relevância em vários países do mundo e, como agente político não poderia deixar de externar a minha gratidão a todos os professores e professoras da cidade de Uberlândia e de todo o Brasil.
Para tanto cito uma frase da grande poetisa goiana, Cora Coralina: “Professor é o sal da terra e a luz do mundo. Sem vós tudo seria baço, e a terra escura. Professor,faz de tua cadeira a cátedra de um mestre. Se souberes elevar teu magistério, ele te elevará à magnificência... ... Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
No Brasil o Poder Público é responsável por 83% dos empregos do magistério. A educação básica é o destino de 77,6% dos professores brasileiros, e 77% da docência na educação básica brasileira é exercida por mulheres. Os docentes que se declaram chefes de família são 28,5%, entre os quais 69%, mulheres. A média salarial dos docentes da educação básica é de 927 reais, e a mediana, que é aquele ponto em que 50% dos professores recebem abaixo desse valor, é 720 reais. Apenas poucos ganham acima de 2 mil reais, e no Nordeste 60% ganham menos do que 530 reais.
Portanto, senhores e senhoras, o desafio do século XXI é encontrar e oferecer as condições necessárias para que esta profissão, que aliás, a tenho como vocação muito mais do que uma profissão, seja mais valorizada. Não só os baixos afetam sobremaneira o desempenho da docência. Fatores como extensas jornadas de trabalho (muitos professores trabalham os 3 períodos em escolas diferentes); a falta de investimentos para cursos de reciclagem e aparelhamento das escolas, como tecnologias digitais e aquisição de material didático-pedagógico, sobretudo livros, aliada à violência que tem crescido nas escolas brasileiras, têm afetado de forma drástica o ensino no Brasil, em todos os níveis.
Não resta a menor dúvida que em países onde as condições de trabalho dos professores são boas, a qualidade da educação tende a ser melhor. Como agentes políticos que somos temos que priorizar a educação ampla, geral e de qualidade.
Devemos ter em mente que os professores exercem um papel insubstituível no processo da transformação social. A formação identitária do professor abrange o profissional, pois a docência vai mais além do que somente dar aulas, constituiu fundamentalmente a sua atuação profissional na prática social. A formação dos educadores não se baseia apenas na racionalidade técnica, como apenas executores de decisões alheias, mas, cidadãos com competência e habilidade na capacidade de decidir, produzindo novos conhecimentos para a teoria e prática de ensinar.
O levantamento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 2009, feito pelo PNUD e que aponta o Brasil na 75ª posição entre 182 países, mostra que os países que oferecem melhor qualidade de vida a seus habitantes são aqueles que investem mais em educação. O Brasil investe 22% dos gastos públicos em educação - 18% da União e 25% de Estados e municípios. Mas a Noruega - lá na ponta do IDH - investe 35%, a Islândia, 36%, a Austrália, 31%. China, Coréia e Irlanda ganharam 20 posições no ranking do IDH entre 2000 e 2008 porque investiram muito em educação.
Portanto, neste dia, muito mais que comemorar, temos que refletir sobre possíveis mecanismos de ação a serem encontrados para tirar do limbo em que se encontra uma das profissões mais belas e sublimes que existe: a de educar!
Para finalizar esta homenagem, permitam-me uma pequena digressão ao buscar no poema de um dos nossos maiores educadores brasileiros, Paulo Freire, o meu reconhecimento e gratidão a todos os professores e professoras deste país.
“Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.
Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo descuidado, corre o risco de se amofinar e já não ser testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não desiste”.

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