quarta-feira, 20 de outubro de 2010

FILHA DE BETO BARBOSA PODE TER MORRIDO POR SUPERBACTÉRIA

A KPC é a mutação genética de uma bactéria que, em geral, é inofensiva. Ao sofrer a mutação em hospitais, torna-se resistente à maioria dos antibióticos que deveriam destruí-la.


Não se sabe ao certo quantas pessoas já morreram por causa dessa bactéria, chamada KPC. Mas os especialistas acreditam que, pelo menos, metade dos pacientes que se contaminam com ela não sobrevive. E isso pode ter acontecido com a filha do cantor Beto Barbosa.
“Uma jovem sadia, de 28 anos de idade, que adoece em um dia e morre com 28 dias depois já entrando em coma?”, questiona Beto Barbosa, conhecido cantor de lambada, pai de jovem que morreu vítima desta bactéria. “Ela chegou à UTI consciente, ainda conversou com a gente, pediu para a gente ficar calmo, que estava tudo bem”, declara José Luiz Barbosa, irmão de Monique.
Beto Barbosa tem quatro filhos adotivos, Monique era a única mulher. Sobrinha do cantor, ela foi adotada legalmente assim que nasceu. “A minha filha era assistente social e ajudava muito os ribeirinhos. Além da dor que a gente sente, a gente sente outra dor, que é não saber de que o filho morreu”, afirma Beto Barbosa.
“Foi criada uma junta médica dentro do próprio hospital para cuidar do caso dela”, conta Luiz Barbosa, irmão de Monique. “Nós estávamos diante de um quadro muito difícil. Nós fizemos mais ou menos em torno de oito antibióticos”, revela o médico Benedito Hélio da Silva Queiroz. “E nenhum antibiótico fez efeito”, lembra Luiz, irmão da jovem.
Vários exames ainda devem ser concluídos. Um deles dirá se Monique estava contaminada pela KPC, uma bactéria super-resistente.
A KPC é a mutação genética de uma bactéria que existe no nosso corpo e que, em geral, é inofensiva. Ao sofrer a mutação, em hospitais, torna-se resistente à maioria dos antibióticos que deveriam destruí-la. É o que faz dela uma bactéria hospitalar super-resistente. Os antibióticos destroem as bactérias normais, mas as mutantes sobrevivem e se reproduzem.
“Ela pode causar vários tipos de infecção. E, o que é pior, ela pode causar uma infecção generalizada atingindo múltiplos órgãos ao mesmo tempo”, declara Marcos Antônio Cyrilo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia.
O alerta mais recente sobre a presença da KPC no Brasil foi dado em Brasília. Segundo as autoridades de saúde, a bactéria já foi detectada em nove hospitais públicos e sete particulares do Distrito Federal.
Este ano, 15 pessoas morreram vítimas da bactéria. Uma das vítimas foi o pai de Geraldo Diniz. “Agora só o tempo mesmo para passar a dor, a perda”, confessa.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que o número de casos pode ser maior. “Não temos a dimensão do problema nos outros estados. Se for procurar nos grandes hospitais brasileiros, a maioria já deve ter estas bactérias”, declara Héder Murari Borba, da Anvisa.
Diante deste fato é importante ressaltar que os hábitos diários de higiene são fundamentais. Desde a pandemia da Gripe H1N1, conhecida como gripe suína, no início de 2009, vários órgãos e autoridades têm insistido neste debate. É o caso do vereador Adriano Zago, autor da Lei que determina que estabelecimentos públicos e privados devam disponibilizar recipientes com produtos de higienização para as mãos, afim de contribuir com a redução da contaminação de qualquer tipo de doença, que possa ser transmitida pelo contato das mãos. "As mãos são o principal meio de transmissão dos microorganismos de um indivíduo para o outro. Com pequenas ações e bons hábitos de higiene podemos cuidar melhor da saúde pública. Esse é o objetivo da Lei", ressalta o vereador.

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